quinta-feira


Admirável gado novo”, inadmissível condição velha!

Essa música, talvez pela excelente interpretação de Zé Ramalho, me faz lembrar do povo do nordeste brasileiro, região de grande potencial financeiro, cujo povo enfrenta as maiores adversidades desde tenra idade. A luta contra a seca e a miséria é uma constante. A única saída para muitos é partir para o sul, terra das ditas oportunidades.

Na visão limitada dos retirantes, haverá emprego e renda para todos aqui; na realidade, sabemos que não é assim. O mercado de trabalho de uma metrópole como São Paulo é concorridíssimo, restando apenas trabalhos onde a mão-de-obra braçal é “valorizada”, desprezando-se cargos mais qualificados com salários maiores que pedem qualificações, características que os retirantes mesmos não possuem ou, na sua maioria, nem sequer tiveram acesso.

Outro fator interessante é a metáfora que tem como exemplo o gado. Uma fazenda possui vastos pastos, onde se criam gados para o abate. O animal leva uma vida sem nenhum conforto, apenas com o necessário para sua sobrevivência e assim poder vir a gerar lucro para o fazendeiro que o alimentou.

O segundo verso nos conduz à engrenagem do funcionamento de uma grande cidade que, imprime uma enorme velocidade e dinamismo no cotidiano das pessoas. Inclusive na música, usa-se essa palavra: “toda essa engrenagem que já sente a ferrugem lhe comer”, lembrando do desgaste e dos problemas de uma grande cidade.

Por fim, retrata-se a esperança e o anseio de se buscar novos caminhos, melhores condições e qualidade de vida. Há ainda uma metáfora com a “Arca de Noé” e aponta o dirigível como a saída de um mundo que viria a acabar. O refrão sintetiza a mensagem da canção: “Povo marcado, eh! Povo feliz”.

Fernando Corrêa

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